. O careca definitivamente não. Não obrigado. Gosto demais do meu couro cabeludo como está. Já teve melhores dias, é certo. Ainda assim não quero que se lhe venha a aplicar o gone with the wind da calvície. Chamem-me vaidoso... mas não é por aí. Além disso, tem ar de manager (ou pelo menos encaixa num certo estereótipo), de quem puxa os cordelinhos nos bastidores. Preferia que dedilhasse as cordas de uma guitarra em vez dos tais cordelinhos. Portanto, opção excluída.
O trompetista tem um ar demasiado enjoado. Ar de quem passou a vida a soprar, ao ponto da fisionomia parecer ter sido lentamente sugada trompete adentro. Não me apetece ficar assim. (Sugestão: ouçam o "My Funny Valentine" tocado de forma soberba por Chet Baker). O contrabaixista não digo que não. Embora avise que nós de gravata não seja o meu forte. Mas treino e paciência fazem milagres, até entre os mais ineptos, julgo. Agrada-me aquele ar de quem procura intrusar-se com os restantes elementos da banda. Está um bocado de parte, mas não é isso que o demove de dar o seu contributo. Além disso adoro o som do contrabaixo. Vibro com cada nota, com cada ressonância daquele som grave que, quando bem executado (sugestões: Charles Mingus, Ron Carter, Dave Holland, Ben Allison, entre outros), remexe com as entranhas todas. Som intrusivo, é o que é. Um feeling good swingado.
O saxofonista tem pinta. Cabelinho puxado para trás, ar sedutor. E sabe ler pautas ou aparenta sabê-lo (nunca se sabe bem que poses é que os músicos são capazes de fazer para sairem bem na fotografia). Colcheias, semi-colcheias, claves de sóis, compassos ternários, quaternários, etc. Coisas que sempre me fascinaram, vá-se lá saber porquê... Um secreto fascínio por linguagem criptada? Também gosto muito do som do saxofone. Quantas vezes não tem sido comparado ao timbre da voz humana? E há notas que parecem sair mesmo de dentro, como verdadeiros gritos de alma. (Sugestão: ouçam John Coltrane e como por vezes ele parece encetar um diálogo com o transcendente). Outras notas assemelham-se a sussuros ao ouvido, quentes, melodiosos, de quem nos diz coisas lindas, de quem nos descreve maravilhas na mais estreita intimidade. Um som que nos leva em viagem, um LSD sonoro.
Não sabia que os BUG viriam a ser uma banda de jazz... Não me desagrada. Para a bateria proponho que seja à vez. Num determinado dia, quem se sentir mais necessitado em descarregar certas tensões, tem direito a ocupar-se do lugar. E visto que não gosto de excluir ninguém (e acredito que isso também não faça parte do espírito dos BUG) proponho ainda que se abram vagas para as nossas queridas recrutas.
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