quarta-feira, setembro 27, 2006

Diário de peluche em dia de folga

Andar por aí.Esquecer-me do tempo.Cansar-me em busca.Comprar ilusões num quiosque e não ter a quem as vender depois.Ler no diário que o universo de pelúcia se desmorona por "dá-cá-aquele-borboto", que pelotões de irmãos Equipados a rigor se degladiam em nome de uma causa que nada lhes diz. Que magotes de peluxes engravatados dão largas à voz em discursos vazios e inconsequentes ditos em tom triunfal e muito senhor de si.Perceber que há peluches que são tratados como objectos, que se vendem como se fossem produto de supermercado.Aprender que a dor do peluche-individual não interessa para nada nem a ninguém, como se o peluche colectivo fosse a essência e não exactamente o contrário - a essência somada dos peluches únicos é que logra constituir a sociedade global.Perceber que vivo num país de peluches tristes e reivindicativos, que pouco mais reivindicam que o uso de amaciador para amenizar a passagem dos dias.Perceber que tudo é legitimado em função das estranhas e egotistas vontades de um peluche assombrado e mal amanhado a quem toda a gente trata reverentemente e que dá pelo nome de : Sr. Henrique Cimento.Perceber que a ignorância e a hipocrisia dominam, e que o pseudo-intelectual se enche de glórias.

Deixem-me ficar mais um pouco encostadinho ao poste, por favor. Preciso de recuperar.
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1 comentário:

redonda disse...

Pobre peluxe... como é que o ajudamos a recuperar?